o instituto

O Instituto Sarasá nasce para aprofundar as relações entre as pessoas e o patrimônio cultural, reconhecendo que a verdadeira essência dos bens culturais está na vivência e na capacidade de valorização pelas comunidades que os cercam ou que estão distantes.

Nossa abordagem é essencialmente social e política: cada projeto, seja uma intervenção conservativa-restaurativa, seja uma iniciativa de zeladoria do patrimônio cultural, é concebido com o objetivo de contribuir para a vida das pessoas e da coletividade.

Acreditamos que o patrimônio cultural vai além de objetos materiais e estruturas; ele é constituído por narrativas, práticas e significados que emergem das culturas que o habitam. Para fomentar esse entendimento, o instituto promove oficinas, canteiros abertos e vivências que buscam sensibilizar a população sobre a importância do patrimônio em sua vida. Nossos projetos são um convite à participação ativa dos cidadãos, reconhecendo que a valorização do patrimônio se dá por meio das experiências coletivas e do fortalecimento dos laços comunitários.

Em cada uma de nossas iniciativas, temos como foco primordial o ser humano, compreendendo que o patrimônio cultural se perpetua e se dignifica a partir dos vínculos comuns. Isso se reflete em nossa metodologia Sarasá, que visa estimular o sentimento de pertencimento e as identidades culturais coletivas por meio da comunicação e do conhecimento. Assim, o Instituto Sarasá se posiciona como um agente de sensibilização e valorização do patrimônio, comprometido em construir um futuro em que as culturas e as histórias sejam reconhecidas e celebradas por todos.

a equipe

Ser Sarasá, tanto em sua expressão instituto quanto em sua expressão estúdio, significa compreender a perfeita integração entre a arte e sua produção pelo artista.

Uma inspiração que segue viva, que é parte de cada um de nós, e que esperamos que seja transmitida pelos nossos feitos, projetos e sonhos sociopolíticos e culturais.

Ser Sarasá reflete a consciência e a responsabilidade de Gerardo e, sobretudo, sua sensibilidade e seu olhar acerca da vida e da natureza, o que estão presentes em suas artes.

O Instituto Sarasá é feito por muitas mãos, sobretudo por aquelas que se articulam e elaboram redes para a preservação das culturas.

Na proa do barco, temos sua diretoria e seu conselho:

Diretor Executivo

Antonio Luís Ramos Sarasá Martin

 

Conselho Deliberativo

Ana Carolina Giorgi Martin

Flávia Sutelo da Rosa

Julia Giorgi Martin

Maria José Batista de Oliveira

Mariana Giorgi Martin

 

Conselho Fiscal

Francisco de Carvalho Dias de Andrade

Helena Aparecida Ayoub Silva

Lúcia Reisewitz

Maria Lucia Gomes

Lado a lado com o instituto, temos a presença marcante e inspiradora de nossos mestres.

Carlos Alberto Cerqueira Lemos

Formou-se em arquitetura no Mackenzie de São Paulo, em 1950. É professor titular do Departamento de História da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, membro do comitê brasileiro do International Council of Monuments and Sites, do Comitê Brasileiro de História da Arte. Participa da equipe para o projeto do Ibirapuera, chefiado por Oscar Niemeyer, e dirige seu escritório em São Paulo desde 1952. Publica diversos trabalhos sobre a arquitetura brasileira, como Dicionário da Arquitetura Brasileira; Alvenaria Burguesa: Breve História da Arquitetura Residencial de Tijolos em São Paulo; Ramos de Azevedo e Seu Escritório; Casa Paulista, entre outros.

Em 1981, atuamos nos monumentos da Estrada Velha de Santos, no Parque Caminhos do Mar, com o acompanhamento de Carlos Lemos, à frente, na época, do Condephaat. Gerardo Sarasá finalizou a restauração dos murais azulejares do artista Wasth Rodrigues, e seus filhos, Toninho e Marcelo, já tinham uma relação com as obras. Em 2021, o Estúdio Sarasá realiza ações de conservação no complexo artístico e arquitetônico Parque Caminhos do Mar. O início das atividades é marcado pela visita de Carlos Lemos aos monumentos, na ocasião preservados para o seu centenário, em 2022, pelas mãos dos sucessores de Gerardo.

Sobre a Zeladoria Sarasá

O curso de zeladores do patrimônio vem em boa hora, pois, a nosso ver, sua idealização é mais que oportuna, dada a desinformação geral existente a respeito da conservação de bens culturais arquitetônicos de interesse histórico ou artístico.

É generalizado o emprego da palavra “restauração” para designar intervenções em bens tombados, sem que se atine o verdadeiro significado da palavra. Com certeza, restaurar significa recuperar as condições técnico-construtivas originais. Significa voltar à volumetria e aos acabamentos genuínos da construção preservada. Isso é extremamente difícil de se conseguir, pois muitas técnicas construtivas já estão em desuso; muitos modos de fazer já estão completamente esquecidos; e as razões de ser de alguns acabamentos estão fora do nosso entendimento.

Sobretudo na ocasião da troca de programas de necessidades por causa do desaparecimento, no cotidiano contemporâneo, das funções originais, devido, antes de tudo, ao progresso, é que surgem as dúvidas sobre a preservação de setores ou espaços remanescentes. Tal dificuldade, quase sempre, decorre do estado de conservação do bem cultural vitimado pela ausência de sua originalidade, aqui e ali, em razão do descuido de quem espera acontecer para depois remediar. Por isso tudo, vê-se que o zelo é primordial, porque, em qualquer situação, ele é a garantia de autenticidade, e, assim, dispensa-se de vez a restauração propriamente dita.

Carlos A.C. Lemos
São Paulo, 27 de fevereiro de 2014

Victor Hugo Mori

Arquiteto (Mackenzie, 1975), foi chefe de restauro e diretor técnico do Condephaat

(1983–1987). Ingressou nos quadros do Iphan em 1987. Foi coordenador da Comissão de Patrimônio Histórico do IAB e conselheiro do Condephaat e Conpresp. É conselheiro do Condepasa; superintendente regional do Iphan-SP; membro do Icomos; e professor convidado nos cursos de especialização em restauro na pós-graduação na Unisantos e na Unicsul. Autor de Arquitetura Militar: um Panorama Histórico a Partir do Porto de Santos (Imesp-Funceb, 2003) e organizador de Patrimônio: Atualizando o Debate (Iphan-Dersa, 2006).

Cuidar das construções é um requisito para a sua preservação; porém, nas edificações de valor cultural, é preciso zelar por elas. O Dicionário Houaiss define o substantivo zelo como afeição intensa, amor por alguém ou algo; assim, o verbo zelar passa a significar: cuidar com amor e afeição intensa. O programa educacional zeladores do patrimônio resgata essa matriz, desenhada pelos românticos do século XIX na Inglaterra, que é a própria essência da preservação do patrimônio cultural: “Zelar para preservar, zelar para não restaurar.

As palavras zelar e cuidar possuem significados semelhantes, com uma leve diferença. Enquanto o ato de cuidar está associado à necessidade daquilo que precisa de cuidados, o ato de zelar implica também em possuir zelo, apreço ou afeição por aquilo que precisa ser zelado. Para ter apreço por algo, é necessário conhecer e vivenciar profundamente a coisa para estabelecer o vínculo afetivo ou o elo de pertencimento. O sentimento afetivo de pertencer a um lugar traduz aquilo a que chamamos de identidade. O sentido etimológico da palavra patrimônio advém de herança paterna, o dote transmitido de geração a geração. Zelar pelo patrimônio significa, portanto, cuidar e proteger a herança dos bens culturais deixados como dote pelos que nos antecederam.

Victor Hugo Mori

origem

Nada há como desassociar essa integralidade entre o ato criativo e a materialização. Artesão e artesanato, a arte nata: “Nos entalhes da madeira, está a mão humana, as marcas da goiva, as incisões. Pela pintura parietal vê-se a mão do artista…” E é pelos gestos de cuidado e pelo amor das pessoas, hoje, que o patrimônio cultural e as artes perduram no tempo, com significado e significância.

As sementes do instituto foram plantadas no Brasil pelo artista catalão Gerardo Martin Sarasá, que chegou com sua família em 1956. Entre o final da Guerra Civil Espanhola e o início da Segunda Guerra Mundial, ele nasceu em Arbucias, Girona, na Espanha, e, desde pequeno, já manifestava seus dons artísticos.

Gerardo, um grande pintor e restaurador, aprendeu suas artes na experiência desde muito cedo. Como seu pai, o mestre Luís Martin Lisbona, conhecedor das técnicas dos mosaicos, da azulejaria, dos vitrais, dos entalhes, entre tantas outras, manteve a tradição e o respeito pelos processos de aprendizado e passada por meio do saber/fazer. Sua produção artística e restaurações aconteceram até 1986, quando ele se encantou.

Em 1956, na chegada ao Brasil, fundou o Atelier Artístico Gerardo Sarasá, primeira empresa de artes e restaurações da família Sarasá no país, com especialidade nos ofícios de azulejaria e vitrais. A partir dos anos 70, dedica-se a projetos de conservação e restauração do patrimônio cultural edificado. Toninho e Marcelo Sarasá, filhos de Gerardo, são os frutos e a continuidade, hoje, de uma paixão artística pelo patrimônio cultural.

O Instituto Sarasá nasce dessa herança cultural e histórica, e tem, em sua diretoria e seu conselho, vários profissionais da área.

O Ser Sarasá segue vivo, pulsante, uma rega às sementes e aos sentidos plantados por Gerardo Sarasá.

Gerardo e seu acervo

Gerardo Martin SarasáEm 1956, na chegada ao Brasil, fundou o Atelier Artístico Gerardo Sarasá, primeira empresa de artes e restaurações da família Sarasá no país, com especialidade nos ofícios de azulejaria e vitrais. A partir dos anos 70, dedica-se a projetos de conservação e restauração do patrimônio cultural edificado.

Em toda trajetória de Gerardo, seu modo de atuar e seu principal legado é o amor pela arte e pela cuidadosa intervenção humana nas edificações e junto ao patrimônio histórico. A ele, que foi, em sua vida, um dedicado professor, nós dedicamos esse instituto.

 

Conheça abaixo algumas obras de Gerardo: